Do Desamor - II
Sei da doce amargura desse querer-bem...
da ardência impura que realça sabor
ao pôr, na doçura, a ácida dor que tem;
acidez de loucura do prazer sofredor.
Sei dessa alegria que machuca, também
no velório do dia, quando do sol se pôr,
se, na lápide fria, a coberta não vem
para quem se cobria com solar cobertor.
Sei!...por isso, não sento na estação do trem
a esperar o vento num vagão soprador
que sopra sentimento para o viajor
e descarrilhamento nos trilhos de alguém;
espero o momento de esperar ninguém;
espero, atento, que se vá o desamor.
21-12-2014