Do Desamor - II

Sei da doce amargura desse querer-bem...

da ardência impura que realça sabor

ao pôr, na doçura, a ácida dor que tem;

acidez de loucura do prazer sofredor.

Sei dessa alegria que machuca, também

no velório do dia, quando do sol se pôr,

se, na lápide fria, a coberta não vem

para quem se cobria com solar cobertor.

Sei!...por isso, não sento na estação do trem

a esperar o vento num vagão soprador

que sopra sentimento para o viajor

e descarrilhamento nos trilhos de alguém;

espero o momento de esperar ninguém;

espero, atento, que se vá o desamor.

21-12-2014

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 07/01/2015
Reeditado em 11/12/2015
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