[Queria]
Eu queria,
que o sabor inaugural das coisas não envelhecesse,
que perdurasse a estranheza da primeira audição de uma música,
que a agonia das tardes fosse rápida e não me ferisse a alma,
que não findasse o prazer de rever e tocar alguém vindo de longe,
guardar nítida memória do cheiro do almíscar do amor,
ir embora numa lua cheia de junho, céu limpo, infinitas estrelas,
e que de mim não ficasse lembrança, saudade...
Eu queria sim, queria muito,
pois estou sempre a querer o que não posso ter.
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[Desterro, 04 de janeiro de 2014]