MELINDRA E A DIÁSPORA DA LIBIDO
 
 
Escondo   minhas pernas
Nas meias velhas rasgadas
Do passado
Bebidas por lágrimas
Salgadas
Todas vindas
Bem vindas
De forças trazidas
De beijos molhados
Lobos famintos
Deslizes de otários
Da presa indefesa
que briga pela presa
que quer ficar
por cima
não deseja parar
até sufocar
matar minha sede
na sede
comparsa
que se estende
nos outros
na espera trágica
do fim da espera
que a fila empodera
traz o sangue corrido
por veias saltadas
assalto de alma
não saio com calma
nenhum verme
me dá vertigens
nem príncipes
são tolos de agonia
 as cores são danças
sensuais
posso me afogar
nas malícias
negros entre tantos
brancos e os francos
demais
minha “tarde” convida
preciso de vida
me levem aos recantos
da atmosfera
límpida
desejos mortos
outra “tarde” vazia
vão as cóleras do frio
que sinto sozinha.