Redoma de Ferro
Mãos nas barras de ferro envergadas,
Banhadas na ferrugem do sereno,
Do orvalho que a matina derrama,
Nos detalhes do vergão de heleno.
Pele molhada e eriçada ainda de medo,
Escorrendo pelo rosto, sal em gotas;
Mas não salga a pele, o rastro azedo,
Que dos olhos escoa o vazio de grota.
E acanhado, acabrunhado em sua redoma,
Sentado afunda no cimento duro e gélido,
Do buraco em que sua alma se encontra,
Deita o corpo no cercado mais babélico.
E é no vazio da trincheira de aço,
No círculo dos ferros entrelaços,
Que procura nas entranhas o motivo.
Razão pela qual fez o pecado,
Que hoje o faz morrer sentado,
Na prisão de seu próprio epílogo.
Igor Tenório Leite
28/05/07