Noite de Lua cheia
Posso dizer que fui testemunha
de uma Lua inteira e nua
com um halo tão intenso
que desejei parar o tempo
Noite fria, vento sudeste
Cheiro de mata quase agreste
Céu em nuvens, estrelas infinitas
bailando imagens aos olhos do artista.
Posso dizer que bordei momentos
em meio a Lua, em meio ao vento
Sonhei riachos, desenhei folguedos
paralisei a noite, esculpi rochedos
Sonhadoramente refiz trajetos
Invadi memória; antros secretos
E a Lua, imensa, dona da noite
repassava meu filme, como um açoite.
Dividiu-me ao meio, buscou minúcias
Ficamos então completamente lúcidas
Eu focando a noite, buscando incenso
Ela, momentânea, repartindo o tempo.
Fiquei só. Despediu-se em festa
foi clarear outras florestas
Lacrei enfim meus pensamentos
fiquei sem luar e com um céu todo cinzento.