SE DESPINDO
 
 

Na gaveta do armário
Velho
Todo riscado de unhas
Havia uma carta
Descrita a muito
Guardada
P’ro inifito levar
Mas o infinito
Não leva nada sozinho
O que guarda carinho
Do que amou
Faz tempo
Tempo mesmo
Nunca faz
A paz não tem horas
Nem vestígios deixados
Não risca estapas
Risco de se entender
Porque se torna fraco
Momentos de prazer
No motel  de luxo
Banheira de espumas
E estrelas nas bolhas
Coloridas
copos cheios
De absinto
Copo querendo
Ser preenchido
Fumo de requinte
Fumo entorpecido
Do calor que aparece
No porta retrato
Junto ao papel velho
No armario riscado
De unhas  possuídas
O que vinha pra ser
Cheio de vida
Desastre do infinito
Ele não pode existir
Desgaste de Deus
Ele não pode interferir
As palavras diziam
Sobre o que
Não pode se esquecer
Nem as tardes
No jardim
Nem o que arde
E não pode ter fim
Se não for
Um fim em si
Lareira isolada
Por caixas e pertences
Todas cheias
De um vazio
Pressentem de aviso
Aqueçam o inverno
Que trazem
No que esta escrito
Lenhas que fazem
Céus descobrirem
O que sinto
Um telefone na mesa
Ela acesa
Faz parte agora do enredo
Pede um sabor de medo
Que venha partir
Sem deixar
 outro segredo
apenas disfarça
o que disfarça
minhas entranhas
por dentro.