CARICIA PÓSTUMA

(PARÁFRASE)

COITADINHO, MORRERA!... ALI DE MÃOS CRUZADAS,

NUM CAIXÃOSINHO AZUL, LEVA COMUM UM BRINQUEDO,

PUZÊMO-LO TODO ALVO, ENTRE TOALHAS BORDADAS.

LEVÁMO-LO DEPOIS AO CEMITÉRIO. AO OUVIR

O BAQUEAR DAS PÁS, CHOREI!... ERA TÃO CEDO,

MORTE! PARA APAGAR A LUZ DO SEU SORRIR!...

VOLTAMOS,. QUE SAUDADE AO SUBIRMOS A ESCADA!...

DO SEU LEITO VAZIO AINDA SENTI, EM TORNO,

UM AROMA DE INCENSO E DE VELA APAGADA.

ABRI O CORTINADO; A ALCOVA AINDA NÃO FORA

ARRUMADA; BEIJEI O TRAVESSEIRO MORNO,

ONDE HÁ POUCO PENDIA A CABECINHA LOURA,

DE GRAVURAS OS LIVROS, AS BOLSAS, O PIÃO

DISPERSOS;TROPECEI NUMA LOCOMOTIVA

MINÚSCULA, AMARRADA À PONTA DE UM CORDÃO.

TUDO COMO ERA HÁ POUCO, AJOELHADA EM PRANTOS,

ACHEI A POBRE MÃE, MAIS MORTA DE QUE VIVA,

OS BRINQUEDOS JUNTANDO, ESPARSOS PELOS CANTOS.

DE SÚBITO RECUEI SURPRESO... OUVIRA UM GRITO...

VI-A TOMBA NO SOALHO, EXÂNIME, COITADA!

TINHA O OLHAR NO ALÉM, ESGAZEADO E FITO...

ENCONTRARA UM CADERNO, UM CADERNO DE ESTUDO

ONDE ACHARA UMA FRASE A CUSTO ESCREVINHADA...

UMA COISA INFANTIL, MAS QUE DIZIA TUDO!

E AQUELA FRASE AO LER, DE UM SEU TEMA NA CINTA,

PARECEU-LHE QUE VIRA A SUA PRÓPRIA MÃO

ESCREVENDO DO CÉU, TÃO FRESCA ESTAVA A TINTA.

-"EU GOSTO DE VOCÊ, MAMÃ DO CORAÇÃO!..."

1893