O HINO QUE TOCA PERDIDO

 
A grave retórica do fundo
Repete o que
Havia a um instante
Profundo
Os cadernos rabiscados
Beijos dados
Numa foto que havia
De todos os solitários
Ele ainda continua
Sendo o mesmo
E nada mas
Quer do contrário
Adormeçam os vagos
estendidos
em qualquer canto
Cantam morsas nas pedras
Da casa de netuno
Prefere  se ver sangrenta
Do que amando ela mesma
Quando se entrega
Seus vasos não tem
A morte correndo
Uma bebida tornada
Masmorra
Das feridas
Vive na escada
Não sobe p’ra cima
Os convidados
Do noturno
Desaparecem mais cedo
O medo toma conta
Das pinturas
As cores do relevo
Inaugura
Seu espelho
Reflete a cadeia
De sentidos
Um ainda
Desaparecido
Não encontra saida
Quer o sacrifício
De todo edifício
A carência nem sempre
Traz essências
Demência do equilibrio
Quer apagar as glórias
Do que tinha
O que se exibe
Se veste até abrir
As viceras saem
Desenhadas
Na maquiagem
O desejo quer reter
Na imagem
Mas a linguagem
Que flutua no corpo
Termina sozinha
Seus membros podem
Vir aqui se reunir
espadas e adagas
Em cima da mesa
Cortam o que despreza
Sedentos por tomar
Seu cálice sagrado
Numa taça
Que também é frágil
Como vidro
O que há na caixa
Não pode ser aberto
O deserto do meu corpo
É salgado e ânfíbio
O deus que abre
As frestas
Da casa onde moro
Está agora vestido
De segredos
Seu medo mora tão longe
Mas eu ainda sinto.