Cárcere

Quando eu vim era tudo comum e normal

Compreensível, banal

No qual sempre nos ensinaram que a vida é dual

Bonito e Feio

Fêmea e Macho

Alfa e Ômega

E da dualidade da qual pertenço, me disseram que eu deveria ser

Insensível, duro e frio

Pra parecer sempre forte

Prepotente e potente

Agressivo e invasivo

O provedor e protetor

Opressor

Mas com o passar do tempo passei a não ver

A compreensão acabou e banalidade sumiu

"Porque me tornei vil a mim mesmo"

Vilão do meu corpo e coração

Mente estragada pelo ismo

Que ataca e mata todos os dias

Com suas justificativas furadas e com fundamento medroso

Cruel

Geralmente presa na Divindade, cultuada pela sociedade

Me perdi

Quando vi que não tinha vindo pra isso

Percebi que tinha ser único, coletivo, fraterno

Que seria melhor ser diferente

Paciente

Condolente e consciente

Mas pensei

Ou sou o único ou um dos poucos

Me enganei

Isso está dentro de nós

Liberte-se de si

E se conecte com o todo

Com o tudo

Pois viver encarcerado na própria ilusão é pior do que achar que opressão é modo de ser ou de vida.

Caio Moura

[De uma manhã sem sono e com saudade]

02/01/2015