Portas fechadas

Trago comigo segredos

Cicatrizes profundas carrego na alma

Já não sei o que fui e o que sou

Talvez agora seja apenas pensamento

Estendo a mão e não alcanço

Tanta amargura há em mim

Tanto tempo que me sobra

Roda tudo no desalento

No tempo que já não é

Quero avançar mas não posso

Presa me vejo ...presa estou

Não consigo abrir a porta ,

Não tenho acesso a nada

As portas se trancam

Não sei como abrir

As chaves ainda estão lá...

Mas as portas são tão pesadas ,

Os degraus são tão íngremes,

A claridade ofusca meus olhos,

Já acostumei com a escuridão

Com as portas trancadas,

Com os segredos que guardo,

Com as minhas cicatrizes...

Tanta amargura há em mim

Chego a perder a noção de que estou parada na porta

Segurando as chaves nas mãos sem conseguir abrir

Aqui dentro é tão mais seguro

Tudo é tão por mim conhecido

As minhas cicatrizes conheço,

A minha amargura nem trava mais na garganta

Acostumei com seu gosto ...

Meus segredos já os sei...tão difícil é partilhá-los...

A escuridão não me cega ,virou minha amiga

Me esconde de mim,

Esconde meus medos ...

Não quero estender mais minhas mãos,

As portas não quero mais abrir...

Tenho medo da claridade que me cega,

Das portas que se abrem,

Do tempo que virá lá fora,

Do que vou achar lá fora,

Do que vou viver lá fora...

Tranco minhas portas novamente

E segura me sinto no escuro

...presa dentro de mim...

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 02/01/2015
Reeditado em 02/01/2015
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