Portas fechadas
Trago comigo segredos
Cicatrizes profundas carrego na alma
Já não sei o que fui e o que sou
Talvez agora seja apenas pensamento
Estendo a mão e não alcanço
Tanta amargura há em mim
Tanto tempo que me sobra
Roda tudo no desalento
No tempo que já não é
Quero avançar mas não posso
Presa me vejo ...presa estou
Não consigo abrir a porta ,
Não tenho acesso a nada
As portas se trancam
Não sei como abrir
As chaves ainda estão lá...
Mas as portas são tão pesadas ,
Os degraus são tão íngremes,
A claridade ofusca meus olhos,
Já acostumei com a escuridão
Com as portas trancadas,
Com os segredos que guardo,
Com as minhas cicatrizes...
Tanta amargura há em mim
Chego a perder a noção de que estou parada na porta
Segurando as chaves nas mãos sem conseguir abrir
Aqui dentro é tão mais seguro
Tudo é tão por mim conhecido
As minhas cicatrizes conheço,
A minha amargura nem trava mais na garganta
Acostumei com seu gosto ...
Meus segredos já os sei...tão difícil é partilhá-los...
A escuridão não me cega ,virou minha amiga
Me esconde de mim,
Esconde meus medos ...
Não quero estender mais minhas mãos,
As portas não quero mais abrir...
Tenho medo da claridade que me cega,
Das portas que se abrem,
Do tempo que virá lá fora,
Do que vou achar lá fora,
Do que vou viver lá fora...
Tranco minhas portas novamente
E segura me sinto no escuro
...presa dentro de mim...