DISTÂNCIAS E AS ÂNSIAS DO GALOPE
 

 
Marasmo
Estrada roseada do sol
Encharcada
De lamentos
Do celestial
O convento que desce
No contento da prece
De quem planta
E quem não planta
Passa logo esquece
Carreta antiga
Fribas ringindo
Tábuas partindo
Um calice de água
No rosto de água
Ainda há estrada
D’onde possa
Descançar
Nada em possas
Empossa dos troços
Poços secados
Adiante casébre
A febre do pobre
É uma sede infinita
Tanta água derramada
nehuma sombra
bendita
lobuno acizentado
a frente me guia
desperto
rédeas em curtas amarras
deserto de cinzas
do passado
bronze do sol vingado
minha pele traz
o vento tardio
ainda bravio
me adormece
um pouco no mato
olhando horizontes
calado
roupas da cor da terra
lembram auroras
de outroras
das corridas
por centavo
oitavado de um gole
suado
eram tantos contos
nenhum conto
tinha me deixado
destino de sombra
ainda que tranquilo
por fora pareço
lembro do tordilho
encilhado com apreço
a xirua e as crias
que agora deixo
o que enfraqueço
não é miséria
misérias busco
sem nenhum tropeço
desejo voltar
logo p’ro altar
de velas no alto
do rancho
que se permite aceso
meu castiçal de mar verde
trago as sortes
e um bocado de saudade
solitária herança
desde criança
minha fortaleza
o que é feio aos
olhos da riqueza
tem uma beleza
que me torna valente
nada a frente
então posso abrir
minha porta ao presente.