REBARBAS DO MEDO SEM MEDO.

A palavra desentala, desfibra

desembesta a alma em euforia

imanta.

A palavra digesta, emana

amálgama o tempo,

desaflige o certo.

Palava é marmita em gestação

passo sem folga, voz poente,

traz o chão para perto,

limpa os encardidos de luz sem reclamar.

Palavra respinga, estilinga a mágoa,

faz a dor parar de suar, de ser,

caça as rebarbas do medo sem medo.

Palavra é folguedo, é tiro saltitante,

entende nossas entranhas como ninguém

sabe nossos vãos, nossos maltrapilhos desejos,

sabe onde vamos parir, recuar e morrer.

Palavra desembesta, chuta o pau da barraca,

escrava fiel, laladinha sem arremate,

gozo começando a emergir.

Nunca abandona sua trincheira,

nunca tropeça, mesmo bêbada e dopada,

nunca se esquece, mesmo velha e senil.

A palavra deixa rastro por onde anda

deixa filhos por onde rega

deixa saudade por onde descansa.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 31/12/2014
Reeditado em 31/12/2014
Código do texto: T5086298
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