MELINDRA TRÈS AVANT
 
 
A dama das flores
Colhidas no absurdo
Da noite
Acorda desponta
Abre  tudo
O sol da sua voz
Derrete o veloz
Que chega sem voz
Apenas olha p’ra baixo
Laser de sexo
Infiltra multidões
De sentidos
Umbigo brilhante
Inimigo avante
Despossuído
“Ainda com flores
Nas mãos”
É um hilário
No contrário
Do ácido que ela
Quer tomar
“Bebe o submundo
Que dorme com a garrafa
Amiga do seu dia”
Iria ao enterro
Da prematura
Que cospe fogo
Há dedos demais na virilha
As vespas em volta
Do que alucina
Luzes da cegueira primitiva
Sexo nas visões da sombra
Ele ainda demora
Na entrada
Sua lingua desce
Pingando palavras
Não há desonra
Honra demais
Grupos iguais
O que a festa invoca
Ainda dorme
Precisa do acorde
do que pensa ser frágil
Frágil pressente
O que se esquiva
Quer a dureza da vertente
Que corre
Água doce de vitrine
Que mata o que morre
Socorre o desatino
Violado por frutas
Fora de alcance
As cordas transadas
A outras soltas
Endiabradas pintadas
Loiras escuras
Loiras tomadas
Morenas sem gelo
Neve derretendo
o que são brumas
fumaça no escuro
vapor desgraça
batons em blusas
igreja de covardes
é antes o sensual
vibrando
quebrando as normas
formas lineares
dos altares do tédio
na entrada sejam bem vindos
mas deixem “seus pais”
do lado de fora.