O Velho e o Mar
Minhas mãos trêmulas seguram as redes
como se fossem os meus pães e os meus peixes.
Sou mais um entre outros, talvez o menos lúcido.
O mar me adotou nos lamentos de minha mãe.
Nele fui criado, até me tornar homem forte.
Não canso de olhar o horizonte, que se acaba não sei onde...
As ondas namoram a areia e eu namoro meus sonhos.
Sou um velho apaixonado pelo canto das sereias.
Farejo temporal, leio nuvens e as estrelas do céu que vão e vêm.
O mar apaga minhas memórias sofredoras.
A pele morena não se acostuma mais ficar fora do sal.
Fui adotado por águas claras, que não existem mais.
Mas ainda assim, bendito o dia em que nasci sem pai!
Minhas mãos ainda tremem...não tenho pães, não tenho peixes.
Ouço chamarem meu nome, lá longe...levanto e vou.
Vou pescar, sem anzol e sem isca...andarei até entrar no mar.
O balanceio das ondas me lembrarão os braços de minha mãe.
Sossego. É hora de descansar.