TEXTURA DE MARZIPÃ.

Culpa é medusa nefasta, traiçoeira,

vem à tona descabelada, desnuda, catando ar

vem à vida querendo consertar os rios, as montanhas, tudo,

e o pior é que consegue.

Culpa é vigarista que nunca sai da guarita,

tem olhos pegajosos, cheiro empastado,

convence suas rédeas melhor que ninguém

e não esconde nenhum mastro, nenhuma pegada, nada mesmo.

Culpa é esquisita, caminha cambaleando os ventos,

tem gosto de água vencida com textura de marzipã

adora virar sapo, adora fazer o oásis arder em chamas

delira quando nos deixa de quatro, com vontade de esquecer como respirar,

delira quando esmigalha as amarras douradas das certezas,

delira quando assume o trono pra nunca mais arredar pé.

Culpa é armadilha bem torneada, chão que nos faz mais velhos antes da hora,

fingir que não existe suaviza o tombo e adia nossa sentença

fingir que não vigora encarde a alma e faz o que era lindo virar um ralo só.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 30/12/2014
Código do texto: T5085325
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