2015

Conto os dias com dedos de quem embarca

É difícil terminar o ano sem nenhuma marca

Pego o ar com a mesma mão da suave despedida

Colho o vazio da brisa quente que minha face alisa

Brilha no horizonte uma nova esperança

É isso que cega meus olhos frágeis de criança

Os esfrego como à lâmpada do desejo

Aperto a retina pra ver se percebo o último lampejo

Alguma coisa restou do passado

Algo além daquilo tudo que deu errado

Quem sabe um retrato em preto e branco

Um amor que perdeu o encanto

Aquela prece escondida

Ou a lembrança insistentemente perdida

Já não me importa quem ficou

Nem tão pouco o que de mim restou

Do passado quero notícias nostálgicas da felicidade infinita

Quero um coração e a saudade mais bonita