Poema Omisso

Ai de mim

Que sobrevivo das migalhas dos malfeitores,

Que amo insensatamente

E peço clemência a quem espera pela minha ruína .

Sou a flor que nasce entre as brechas do concreto

E faço de tais cantos lodosos a minha moradia.

Nascida ao acaso,

Como se viesse ao mundo sem propósito .

Um completo vazio dentro de outro!

Ao mesmo tempo,

Em mim há tanta beleza, ó poesia,

Que por vezes sinto que não vou suportar.

A qualquer momento explodo nos braços do vento

Que uiva docemente em meu ouvido me convidando para dançar

A última valsa sob o sol do meio dia.

Seduzida pela sua cantoria,

Danço.

Deixo os cabelos caírem sobre meu rosto,

O vento audacioso levantar o meu vestido

Como se não tivesse pudor algum .

É neste raro instante

Que me sinto parte de alguma coisa.

Me sinto pertencida a esta ausência

Que é tão cheia de fascinação e promessas.

Sou aquela flor , ó poesia ...

Sim , que confia na chegada da chuva.

Fiel dependente da sorte.

Ninguém repara.

Ninguém vê .

Mas ela está ali -

Uma atenta observadora

Dos pedestres que caminham

Apressadamente pela praça.

Odeio a solidão e todas as suas consequências,

Mas em meio a ela despertou em mim

Um amor platônico pela inexistência

Que se fez minha confidente

No apogeu de minha confusão.

Karoline Correia
Enviado por Karoline Correia em 30/12/2014
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