Perdão, caminhada tosca, suor empedrado.
O perdão incomoda, convulsiona, desgarra,
é sina maldita, falácia indigesta, visita rasgada,
deixa o tempo revolto, a calma insana, a razão vencida.
O perdão coalha, esmurra as ideias, desafaga a paixão,
deixa as cores um breu só, deixa o gosto uma amarga saideira,
faz toda caminhada tosca e o sonhar empoeirado toda vida.
O perdão desparafusa o coração, esmigalha cada olhar,
deixa o olfato em esgoto e o suor empedrado,
faz a gente se acuar até de nós mesmos.
O perdão encarde os desejos, faz a alma esquecer seus ritos,
esmigalha sentidos, enfurece Deus, emburra cada novo passo,
deixa a pele um tumor só e os sentidos castrados até sempre.
Mas sem o perdão não há alívio, não há arremate,
sem o perdão não há eco, não brota luz,
sem o perdão não cicatriza, nem repousa,
sem o perdão não há paz, a ferrugem não cessa,
sem o perdão não há chão, nem fé,
sem o perdão sobreviveremos de qualquer modo
mas isso não valerá a pena um segundo sequer.
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