DA OUTRA JANELA LATERAL (Ap 44 B)
Da outra janela lateral,
Do outro quarto de dormir,
Vejo uma igreja, vejo várias e igrejas,
Mas não vejo Deus.
Vejo um morro imenso,
Feito de rejeito da mina,
Vejo um rio deslizando na planície
E os homens na mesma mesmice.
Da outra janela lateral
Do outro quarto de dormir,
Vejo a vila da Serrana,
E o parafuso,
Entre morros e montes
Se findando no Pouso Alto,
E além do horizonte,
Vejo o sol que se deita no poente.
Da outra janela lateral,
Do outro quarto de dormir,
Vejo uma fábrica que não pára,
Vejo o Posto 230
E uma rodovia que nunca dorme.
Quando eu falava de meus poemas,
Quando eu falava de meus problemas,
Você não escutou!
“Cavaleiro marginal,
Banhado em ribeirão!”
Ouvindo Beto Guedes
E dormindo ao som da canção.