Voz Voante

Eu que fora, amor, tantas vezes vil

Tantas vezes precipitado...

Apesar do alvoroço, quisera eu

Naquela noite estar equivocado.

Mas, ingênuo (lê-se tolo),

Dei meu voto à fantasia

E mais uma vez, de novo ...

Caí na mesma armadilha .

Sou comprável com qualquer promessa,

Aceito medalhas como garantia,

Acredito em quem conta mentiras,

Peço clemência a quem não regressa.

Dizem que as pessoas nos fazem

Somente aquilo que permitimos.

É provável que seja verdade!

Talvez esteja cedo para admitirmos

Que nos mutilamos para pagar o preço

De se sentir apaixonado.

Assim, aceita-se qualquer troco

Por um amor desventurado.

Eu, tantas vezes eu ...

Fiz de sua dor o meu pecado.

Tornei-me um pobre desgraçado

Pela mesmo boca que outrora me beijava.

Vendi meu direito de protestar

E quando escapuliam algumas palavras

Um brado forte me interrompia :

- Egoísta !

Minha aflição nunca pode ser ouvida .

Mas ninguém pode calar a poesia

Por isso escrevo. E assim minha voz tem asas.

Em outros tempos aprisionada

Agora pousa onde bem quer .

Karoline Correia
Enviado por Karoline Correia em 26/12/2014
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