Ano perpléxo
E se foi mais um ano,
Menos certeza, mais engano
Dias contados, momentos errados
Pessoas que passaram, em suavidade
Nos esmagaram, com boas verdades
Ditas ou agidas, regidas por vontade
Ausentes à sua, vontade nua e crua
Nas semanas mundanas, de idas e vindas
Casa, trabalho, bares, berlindas
Mulheres aos montes, distantes e errantes
Vontades de morrer, desde sempre, o quanto antes
Quem dera o ano acabasse comigo
Em vez do ano seguinte
Sempre me oferecer perigo
Em meses de aura escura, as ruas
As casas que não tem paredes, os gritos
As brigas em série, enquanto me debatia
Meu ID do meu Ego ria
Pensando no ano que passou
Pesando o passado que ficou
Presente na memória tão discrente
Mais da memória, menos do presente
O inicio é a estrutura do que acabou
E nada desse ano que passou
Me traga algo certo ao que vem
E não sendo de mim e nem de ninguém
Sou carne que vaga em busca de alma
Ou uma bela cama, onde nela se emana
O corpo do outro que me abrigou
Nas noites que me faltou calma...