VERSOS DE LUARES

Às vezes, andando,

abstraído, pela rua,

a poesia brota, serena,

no meio da multidão;

conserva a sua pureza

de lua que flutua,

a recitar os versos

enluarados nas tardes

quentes de verão.

À medida que ando,

os versos de luares

caem da amplidão

astral vespertina

(enluarizando

a urbana tarde),

tão alheios à realidade

nua e crua da multidão,

a passar apressada

em habitual agitação;

sem se dar conta

da leveza das nuvens

brancas a envolver

a branca lua... Sou

cúmplice artístico

dessa abstração

poética enluarada,

a vivenciar o êxtase

da surrealidade

terrena astral;

em meu andar absorto,

cultivo a consciência

encantada com os versos

de luares, que vão sendo

compostos a partir

da beleza contemplada

do luar na tarde

de verão terreal;

como se o poeta

(mesmo andando na rua

em meio a multidão),

conservasse a pureza

vespertina do luar

em seu poético coração.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 26/12/2014
Reeditado em 18/04/2017
Código do texto: T5081345
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