Sonhos sem merenda: minha alma cigana.
Tenho alma cigana, meio sacana, meio insana,
vou atrás dos ventos que mesmo sopro,
vou catar os sinais nas pegadas que mesmo deixo.
Tenho sangue cigano, meio avesso, meio espesso,
vou atrás das ninfas rechonchudas desses sonhos sem merenda,
vou buscar as paixões com tatuagem na nuca e calcanhar.
Tenho ventre cigano, meio ferrolho, meio caolho,
vou atrás dos beijos abençoados, das fraldas rasgadas sem dó,
vou atrás dos minutos que fiz calar, das portas que nunca seduzirei.
Tenho enredo cigano, meio içado, meio ilhado,
vou atrás do que creio, meio fingido, meio ungido,
vou atrás desse pecado, meio fanfarrão, meio ladrão.
Tenho destino cigano, meio minguado, meio dopado,
vou atrás das remelas, meio trincheira, meio asneira,
vou atrás dos badulaques, dos galopes, dessas minhas ilusões.
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