Decantando suor.
Encontros são ciscos travessos, deslizes fugidos do destino
que se aprumam desengonçados, um tanto esquivos,
e nos fazem decantar o suor em pedacinhos tantos.
Encontros são passos de dança sem medo, nem vergonha,
que nos fazem desfiar as vontades amotinadas no baú dos sonhos
sem pressa, nem rebeldia.
Encontros nos aquietam, nos marionetizam o peito,
enchem de fuligem a voz que sempre quisemos alçar.
Encontros não são mesquinhos, nem tampouco roubados de alguém
vêm à nossa janela delgados, aspirados, avistados com fôlego desse arlequim que é nosso feitor, nosso fardo mais querido.
Encontros acontecem num tropeção das ideias,
arrematam os tecos de alma que ainda nos restarem
só para nos fazerem meninos de novo,
só para nos fazerem felizes de uma vez.
São lobos desparafusados e loucos por um bocado de comida,
por um bocado de solidão.
Dos meus encontros, quem sabe, ainda trarei amochilado as fotos encardidas dos meus caminhos desencontrados, das minhas vértebras mundanas, dos meus calos ainda secando ao luar.
Dos meus encontros ainda trarei um verso rebelde dizendo que chegou a nossa vez.
Dos meus encontros retalharei essa nudez insana que tanto teimamos em replicar, sem trégua, nem perdão.
Ainda bem.
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