Promessas

Promessas

Um dia lá na roça, o jeca, vendo seu filho de fome chorar, pois a seca veio bruta e não deixou nenhuma plantação vingar, e os animais, que eram muitos, de sede viu também tombar, pensou, pensou, como fazer para sua família alimentar, depois de muito matutar, lembrou de Onofre, político bom, que em sua mesa nos dias de eleição, pedindo seu voto, prometeu que nada deixaria faltar pro povo do sertão. Então em seu rosto matuto um sorriso fez brilhar. Decidira: "vou pra cidade, Onofre na assembléia encontrar". Assim inocentemente seguiu seu caminho, rumo a capital. Iria encontrar o homem que acreditava, na cidade lutava para seus direitos conservar. No caminho, encontrou um caboclo que andava meio torto e quis lhe assaltar. "Mas nada tenho, sou um pobre lavrador, depois da seca na minha terra, só erva daninha foi o que resto". Assim o capiau se explicou, e ainda lhe perguntou: "Porque roubas, se és tão forte e daria um ótimo trabalhador?". Sentindo franqueza nas palavras do capiau, o marginal lhe explicou: "Sabe na verdade, ladrão não sou, mas vendo minha família padecer, e em nenhum lugar conseguir trabalho arrumar, não achei outra saída e assaltante hoje sou". O capiau vendo verdade nos olhos daquele homem, uma sugestão lhe apresentou: "Ora venha comigo, na assembléia tenho um amigo, que poderá lhe ajudar, pois é brasileiro, e um dia foi trabalhador, tenho certeza que compadre Onofre, que hoje na assembléia é Dr. poderá lhe arranjar emprego e curar a sua dor". Apesar de descrente, o assaltante, que na verdade era apenas um cidadão indigente, resolveu acreditar nas palavra daquele capiau que lhe tratava como igual. E assim seguiram os dois rumo a capital, acreditando nas promessas de Onofre quando queria na assembléia entrar. Mais na frente, encontraram uma criança sem escola de pés no chão, trabalhando com um podão, na colheita de cana, o que era uma judiação. O capiau indignado, lhe passou uma correção: "Ora menino, cria tino e vai estudar, você não sabe que criança não pode trabalhar?” . O menino, sem entender, tentou lhe explicar, que se não trabalhasse sua família fome ia passar, pois o que o pai ganhava não dava para família alimentar."Larga esse podão e vamos pra cidade, meu compadre Onofre prometeu que com voto meu, nem uma criança na escola ia faltar". E assim foram eles. O plantador sem terra, o trabalhador desempregado, e a criança sem infância. E na cidade se espantaram com tanto abandono, e muitos mais marginais foram encontrando, e por cada rua havia muitas crianças mendigando. E o capiau se admirou, achava que sofria, pois seu candidato, ocupado com tanto a fazer na capital, das penúrias da roça não sabia. "Mas aqui na cidade tão perto de seus olhos?" Mas ele ainda pensou: "Uma explicação, certamente deve haver". E quando na assembléia chegou, ficou admirado, pois seus olhos matutos, nunca viram tanto luxo e tanto esplendor. Todo orgulhoso logo se apresentou: "Sou Zé lavrador, brasileiro e plantador. Quero fala com o Dr. Onofre, faça-me o favo". Mas o homem, com certo nojo para suas roupas rasgadas olhou. E indiferente lhe falou: "Você aqui não pode entrar, e tem que marcar hora para com o Dr. falar". O capiau insistiu, e a mesma resposta ouviu. Então revoltou. "Como assim, não posso falar com o Dr. ele se elegeu através do voto meu, prometeu Justiça, trabalho e escola, prometeu que nunca ia esquecer daqueles que labutam, sol a sol para futuro melhorar, prometeu que no Brasil, fome ninguém ia passar. E agora vem me dizer, que hora tenho que marcar, pra com ele falar?". Antes de terminar, o segurança lhe taxou de baderneiro e numa cadeia como arruaceiro Zé Lavrado foi parar. Lá muitos outros, lavradores, trabalhadores, e crianças foi encontrar, então em um canto sozinho lamentou: "Fui eu quem plantou a terra, e nela muita semente vi brotar, mas agora, não consigo ser ouvido pelos que um dia juraram, que pra nos trabalho nunca ia faltar, e que haveria justiça seja na roça, cidade ou em qualquer lugar".

Esta é nossa realidade, que só vai mudar no dia que os brasileiros aprenderem, que o voto não é uma negociação, mas sim um direito, e por ele muitos perderam sua vida e essa perda não pode ser em vão. No dia de votar lembre-se: O voto é sua dignidade e só ele pode mudar o destino da nossa nação.

Poema de Orlando Jr.

orlando junior
Enviado por orlando junior em 31/05/2007
Código do texto: T508003
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