AFIRMAÇÃO
De que importa se a palavra é torta,
a natureza morta junto da parede,
se o desamor o sentimento aborta,
ver o cansaço desprezando a rede.
A sombra alheia a me roubar a luz,
o espelho vesgo me olhando torto,
tanto caminho que a nada conduz,
um sonho eterno que já nasceu morto.
O leito arrumado a alma vadia,
a condição que vem sempre atrasada,
o pensamento insano, a mente vazia,
a indecisão em plena encruzilhada.
O beijo doce, a boca insolente
vigiando o sono da insônia maldita,
o abraço apertado, o sorriso descrente,
a saudade latente, a tristeza infinita.
Saulo Campos, Itabira MG