Sequelas de Primavera

A primavera se vai com clamor

e deixa a pétala azul de uma flor

embebida em luz e nostalgia

por entre os dias perdendo sua cor.

A primavera se vai e o jardim

é o que fica, o que resta de mim

desorvalhando gramíneas de dor,

se despedindo em langor, beija-flor.

A primavera se vai e eu aqui

me remoendo em minhas sequelas,

não são só minhas, também são dela;

são profundas sequelas de primavera.

Morreram as cores e as flores pranteiam

lágrimas secas de pólen e mel,

ainda sim borboletas serpenteiam

para inspirar versos de menestrel.

São as sequelas d’outra primavera

de folhas secas, pétalas pisoteadas,

são as estações que travam a guerra

com suas armas pelas madrugadas.

Mas, a flor do cacto sobrevive ao sol

fazendo primaveras no verão;

mas, a flor do lácio sobrevive em mim

que garatuja poesias no chão mirrado do sertão.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 22/12/2014
Código do texto: T5077920
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