Essência

No fundo o mesmo som

Aquele que sempre soou ali dentro

No fundo a mesma dança

Com pés delicados de corações ardendo

Sempre estes remotos sonhos

Estes conhecidos fascínios

A dificuldade em filtrar sentimentos

O único destino com vários caminhos

A fraqueza por olhares genuínos

O êxtase por histórias bem contadas

A gratidão comovente por se ter amigos

Imaginando companhia para as empreitadas

Ele continua naquela

De quem soma e some

Fabricador de janelas

Vem verso, vai fome, vem verso, vai fome

Sendo sem saber

Sabendo um pouco apenas

Sabendo sem ser

O futuro e suas belezas

Confundindo a confusão

Com seu positivismo

Fazendo arte e instrução

Dando vida ao romantismo

Ele entende que interjeição faz um universo

Quem quer expressar o inexprimível assente

Ele contata a reflexão que o deixa disperso

Quem observa sem atravessar não compreende

Ah! Ufa! Psiu! Claro!

Mergulha sem regras nesse belo quadro

Viva! Pudera! Vixe! Bis!

A coisa coisando lhe faz mui feliz

Pelo visto a vida é feita de protocolos quebrados

O garoto é garoto e se esgueira em viradas

Ele sabe escrever e os papéis são amassados

Pelo abuso daquele que acompanha as palavras

Queira conhecê-lo se tiver estrutura

Entorta faces com supostas incoerências

Intrigando, entretendo e causando a tontura

Ele é o poeta, o leitor, o amigo e as reticências.