ENFIM, VERÃO...
É noite...
Há uma chuva que cai...
Uma chuva mansa
que vai escorrendo pela vidraça...
Olho pela janela quase que por instinto.
As luzes da cidade misturam-se aos pingos
de uma cor meio branca, meio cinza...
E reluzem como fosse já Natal...
E a chuva cai fraca e macia
parecendo uma carícia...
Então me lembrei: o verão chegara há pouco.
- Enfim, Verão... Repetiu minha voz interior...
E então rompi a enseada de mim mesmo...
Saí do jardim em flor
e fiquei olhando a chuva;
seus pingos quase indistintos
que me olhavam cegando minha visão
detrás da vidraça...
Então pensei que dias assim já me desesperaram...
Já me deram agonia...
Dessas agonias de chuvas que não cessam,
nem saem do lugar;
dessas agonias de nuvens que não existem
porque foram cobertas por um manto branco.
Sobre as palavras... Aqui estão...
Elas não poderiam deixar de existir no verão;
porque foi no verão que eu dei a luz a elas...
E desde então elas ficaram em mim,
embora eu passe por todas as estações...
Talvez seja por isso que hoje eu cheguei à janela.
E até penso que sou eu quem chove...
E sou eu quem grita,
embora não tenha a força do trovão
nem a potência dos raios...
E fico assim: na janela, longe do chão, talvez...
E a perder-se, meu olhar, preso às imagens
da água caindo...
Entre minhas mãos, o poema...
( Imagem: Google)
Poema em homenagem à chegada do verão que foi ontem às 21:00, momento em que caía uma chuvinha deliciosamente mansa e que em inspirou esse poema. Ao contrário do ano passado em que a recepção do verão foi com um temporal, esse ano em minah cidade, ela veio mansa, maravilhosamente mansa, molhando a terra e alma. E aqui estou com meus poemas de verão, brindando-o. Espero que vocês possam me aturar como me aturaram com os poemas de outono, inverno, primavera. Abraços queridos amigos...