Emergindo
A gente percebe que não é nada
Daquilo que um dia disseram
A percepção é uma virada
Para a página em branco, para a curva do zero
Uma questão bem simples
Na ironia abrangente
De reconhecer nossos ângulos
Aceitando cortes, soldas, o que for suficiente
Todos sofrem pela beleza
Da mais pura à mais vazia
Sem dor ela se esvai, perde a clareza
Com luta ela se estende, é infinita
Pelo visto todos somos levados a consequência de se acomodar
Obrigados por nós mesmos a viver um pouco da queda
Sem o esforço de bater asas e voar
Escravos natos da gravidade militarista nessa era
No abismo e com nosso movimento vertical constante
Vemos as cores em redor se unindo
O som do vento furioso é impressionante
São as ciências que só se obtém caindo
Ouvi dizer que vencido o medo de beijar o chão
Passamos a dançar e até a dar giros
Com asas fortes de superação
Salvando pássaros de seus destinos
Pra todos os efeitos
Poesias brotando em declives existem
E além dos inúmeros e dolorosos leitos
Poetas a abismos sobrevivem