ALERTA DAS FLORES - NATUREZA MORTA
Rosa vermelho-sangue persistente brota
Enfeitando um jardim, terreno, uma horta
De morrer tem medo, mas não lhe dão pelota
Nas mãos uma tesoura, alguém vem e corta
Orquídea cor-de-rosa nasce no racho da rocha
Mostrando haja vida, aonde ninguém nota
Arrancada do chão, não mais desabrocha
Perde toda a ternura e logo se desbota
Buscando sempre luz o girassol amarelo
Espalhava pelos caminhos sua felicidade
Quase não mais se vê seu colorir singelo
Esconderam o sol, encheram de cidade
Choraram feridas e roxas as violetas
Gérberas amarelas, uma hortênsia lilás
Marias-sem-vergonha e tulipas pretas
Vieram lírios brancos suplicando paz
Se o alertar das flores não for o bastante
E dermos de ombro, um ar de que me importa
Cravos de defunto surgirão num instante
Cobrirão a Terra em negra natureza morta