ALERTA DAS FLORES - NATUREZA MORTA

Rosa vermelho-sangue persistente brota

Enfeitando um jardim, terreno, uma horta

De morrer tem medo, mas não lhe dão pelota

Nas mãos uma tesoura, alguém vem e corta

Orquídea cor-de-rosa nasce no racho da rocha

Mostrando haja vida, aonde ninguém nota

Arrancada do chão, não mais desabrocha

Perde toda a ternura e logo se desbota

Buscando sempre luz o girassol amarelo

Espalhava pelos caminhos sua felicidade

Quase não mais se vê seu colorir singelo

Esconderam o sol, encheram de cidade

Choraram feridas e roxas as violetas

Gérberas amarelas, uma hortênsia lilás

Marias-sem-vergonha e tulipas pretas

Vieram lírios brancos suplicando paz

Se o alertar das flores não for o bastante

E dermos de ombro, um ar de que me importa

Cravos de defunto surgirão num instante

Cobrirão a Terra em negra natureza morta

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 20/12/2014
Reeditado em 20/12/2014
Código do texto: T5075658
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.