DESERTO
hoje estou aqui
olhando o espaço de tempo
tão grande, tão infinito,
tão cheio de lacunas e vazios...
não consigo ver nada,
absolutamente nada pela frente,
pois uma enorme ilha me cerca...
habitante desesperado do naufrágio!
o que há são desertos,
vazios, nada...
angústia de ser...
desespero de uma ilusão...
tudo me sufoca,
até o grito é um silêncio
que arrebenta minhas entranhas
e esfacela meus sentidos...
não há saídas nem possibilidades...
preciso de uma voz, de uma luz!
preciso que a paixão me derrube
e me faça sentir que ainda existo...
o tempo passa
e me deixa inerte
na tentativa de encontrar o sentido...
os ideais se quedaram como um castelo de areia...
nada me pertence
e tudo me é indiferente...
preciso da paixão
para renascer das cinzas...
uma carícia ao vento,
uma palavra de eu te amo...
o tempo é perverso
no vínculo do desespero...
o tédio me sufoca
e a angústia me afoga...
nada, muito nada
me imprime a marca da solidão...
solidão cheia de gente!
tantas máscaras,
tantos dominós...
ninguém! absolutamente ninguém!
não consigo mais tentar,
já que não possuo mais forças,
não possuo mais sentidos...
coisa autômata que vegeta!
talvez se você estivesse comigo...
se eu pudesse viver de você...
tantas possibilidades e nenhuma
nesse tempo que maltrata a paixão...
caminho sem rumo
ao país da ilusão,
que me faz viver o sonho
de ser tudo e encontrar você!