Falando da voz.

Voz desmata, deflagra, descabela.

Deixa a cor confusa, o sangue afoito, a cabeça aflita.

Voz ordena, abençoa, destroça.

Deixa os olhos órfãos, as paredes úmidas, o dia esquisito.

Voz unta, escorrega, conduz.

Deixa a fé debandar, o arremate frouxo, a mão vazia.

Voz ancora, escolhe, seduz.

Deixa o medo bambo, o riso íngreme, a pegada aquecida.

Voz esquece, afronta, imanta.

Deixa o tempo cabisbaixo, a paz linda, o sonho refogado.

Voz estranha, caminha, encontra.

Deixa as amarras erectas, o suor esquecido, a paixão perversa.

Voz desperta, encurrala, atraca.

Deixa o medo criança, a dor aninhada, a vida feliz.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 19/12/2014
Código do texto: T5074473
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