DRAMA URBANO
Contrapostos, aturam-se, um ao outro.
São opostos humanos convivendo frente a frente.
Um à praia, oprimido, sob árvores, entre barcos,
abandonado, sobrevivendo das prendas marinhas.
O outro a esbanjar verdadeiros privilégios,
estroinam riquezas, transbordam luxúrias.
Defrontam-se dia a dia, noite e dia.
Harmoniosamente convivem assim
qual presa e predador, dividindo o espaço.
Ao meio, a vereda urbana que os separa,
guardada por uns dos seus, que lhes dão as costas.
Estranhos passantes, de classe também exótica,
interferem no equilíbrio osmótico e os provocam.
Em cento e quinze passos, justos,
entre a amendoeira e o coqueiro,
surgem das areias, do nada e vingam-se.
Capturam os supérfluos e qual sombra somem,
noite e dia, dia a dia, enquanto os outros calam....