Luz Final
Estrela que cintila, que ilumina...
De Rico Aspecto, de fulgor tão Claro,
Estrela que dorme durante o dia,
E à noite enfeita o Céu que agora encaro...
Tu és a mais bela... És tão, tão, tão nobre!
Desse Deserto, és a mais rara Rosa...
A mais profunda e casta Luz que cobre
A majestosa Esfera tão suntuosa.
Dama do Céu, como é bom te fitar!
Como é bom, nesse panorama escuro,
Olhar para esse constelado Altar
Que guarda a oculta Chave do Futuro...
Estrela que reza por todos nós...
Ser celestial, pérola do Deserto...
Quando estaremos novamente a sós!?
Nobre miragem, venha aqui... bem perto...
Ó, feiticeira das Alturas, volta!
Venha, aproxima-se... aqui para mim!
Ouça o suplício… minha vil revolta...
Ó, volta! Cesse minha dor sem fim.
Quero tocar-te! Quero todo o teu
Dourado brilho sob mim, que me iluda,
Me cegue...! Pois meu coração perdeu
Tudo! E agora peço a tua ajuda!
Luz da Via-Láctea, Deusa tão honrosa,
Ouça!: Não é o bastante apenas vê-la...
Ó, Brilha! Brilha! Goza! Brilha e goza,
Mas ouça! Anseio por tocar-te, Estrela!
Rara escultura, há anos que te fito,
E que meu peito se corrói, e chora...
Te admiro, enquanto eu oro ao Infinito
Para que chegue a tão Divina e Alva Hora:
Ó, Deus da Vida, Majestade, diga!
Quando entrarei no Paraíso Astral?
Quando estarei com minha Estrela amiga?
Ajude! Deus! Abra o Fiel Portal!
Estrela-mor!… De luzes ricas, brutas,
Véu do Céu… vai!… Perdoa meus Pecados!
Estrela-mor!… Sei que daí me escutas...
Reza por mim! Solta os clarões Sagrados!
Flor mais Cristã, de puro olor de Incenso...
Que germinou ao receber a Alvura
No Jardim tão Superno, tão Extenso...
Ó, Luz perpétua! Brilha, vai! Me cura!
Quando o sepulcro enfim clamar minha Hora
E libertar minh'alma da Corrente...,
Ao teu encontro irei... Ó, Luz d'outrora...
Nos uniremos nessa Paz fulgente!
Ó, pouco a pouco, no esperado Instante,
Irei subindo, degrau por degrau...,
Galgando a Escada de Luz, tão brilhante,
Até encontrar-te... Minha Luz Final!