CACTOS
GEMIDOS DE RIMBAUD
XLIV
Ela me fitava
Sua fita amarela
Me sorria,
Eu um fio de homem.
XLV
Meu riso,
Suas lagrimas.
Riscos e lastimas,
Meus é minha.
XLVI
Vou dormir,
Morto estou,
Se acordar
Viver quem sabe?
XLVII
A morte da coisa
A coisa é mulher.
Sangue e vinho
A ira do homem.
XLVIII
Minha coluna
Vertebrada coluna.
Pedra e água
Carne vertebrada.
XLIX
Na china tem chinês
No Japão japonês
Aqui tem flores
Amazônicas.
L
A janela aberta
Olha me da sala,
O vento beija me
A s grades choram.
LI
O amor por de sol
Ponto de chuva,
Posto que o amor
É pasto sem gado.
LII
Sussurro da brisa,
Estrondo do trovão,
Folha que cai,
Carvalho que germina.
LIII
O amor é riso abeto,
canto de pássaro solto e
uivo de um lobo apaixonado.
Lagrima que rola,
Pomba correio do ser.
LIV
Cerca sem mourão,
Muro de Berlim.
Janela escancarada
Cela de prisão.
LV
Cama desfeita,
Porta aberta,
Chave perdida
Sofá sem pilão.
LVI
Estou em fogo amando,
Minha gravata flamejante,
Rio que morre
Sob pontes
E cipós são João.
LVII
De meus pelos encardidos,
Grito,
Um gritar de aflito.
LVIII
Meu pescoço taurino,
Meu céu escarlate
E meus dentes de sabre.
LIX
Guerras que travei
Quem viu?
Eu voltarei!
Meu peito
Sem pelo
Quem há de me desejar?
LX
O mundo cresce na serra
Por traz do curral do rei.
O acaba na cachoeira
Que deságua no Nepal.
LXI
Hoje quero beber te
Ate cair sobre a mesa
De um bar.
LXII
O s professores gritam
La fora
Sobre o asfalto
Da rua c.
LXIII
O amor como sino
que chora
Sobre a catedral.
LXIV
Olho os campos de trigo
Peço um pão.
E os vinhedos de alem mar
há beber vinhos.
LXV
Sentado estou
Sobre os cadáveres do
Bonfim,
E sobre o muro
Fumo meu cachimbo.
LXVI
Paro por aqui,
A procura de Calado
Sem a paixão de prosseguir.
Espero um prato de merda
Acompanhado de cebolas e bacon.
LXVII
Cana triturada,
Corpo no chão.
Paixão engarrafada,
Solidão solidão....
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A folha ao cair
Deixa a vida
E logo da vida
A semente que,
ainda feto
Nas entranhas do pó.
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Folha que vai,
Vento que chama
chamas de outono.
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Folha solta,
Sinfonia da brisa
Abraço do chão.
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O galho chora,
a folha implora,
o pó espera.
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A queda da folha
É o tesão do pó.
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Os braços do pó
Anseiam pelo corpo
Da bailarina folha
Solta do galho.
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Folha solta e leve
Vem bailando
Para os braços
Negros da terra.
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Os olhos das pedras
Brilham ao ver
A suicida folha
Beijar sua face.
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Dos abraços
Do galho
A folha lhe
da adeus.
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A folha baila
Sobre a regência do vento.
Em êxtase aplaudem
Pedras e grãos de areia
O seu bailar sem fim.
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VIRGINIA
Vargem sem fim
Mar aberto.
Milhas de solidão
Via sem jardim.
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RIMBAUD
Riam de mim
Velhas do sertão.
Rimas sem baú,
Lago sem fundo
Berimbal de bambu.
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BLAKE
Blecaute, calo me,
Um tigre me chama,
Black Power,
Blaker Blaker.
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MORRISON
Morre o som,
Dores e dores.
Morri os dons
Dores e dores.
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BAUDELARE
Balde de flores,
Absinto nos lares.
Balde altares
E rosas de sal
Baldeares...
Flores da cal.
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GOTHE
Gotas do tempo
Gotheiras nas velas,
Vales que Gthejam
Versos de Goya.
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CASTRO AL
Casto barco,
Mouros e ratos.
Porões porções
De um caustico capitão
Do mato sem rastro.
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LORCA
Vândalos,
Anda Luzia.
Vanda lua,
Daí lo amor.
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Um pé de hortelã cresce,
Sobre o corpo purificado
De um mero cão.
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Cheiro de sangue
Gritos de criança.
Relinchos eqüinos.
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te encontrar!
não havia caminho.
como á te chegar
neste coração de espinhos?
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Ela foi te encontrar,
Mas só pisou em espinho.
Como a te chegar
Em um coração sem caminho
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O grão de areia
o beijo do vento.
no olhar da sereia
voa meu pensamento.
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Sirenes do almoço,
o fogo e o alho.
o sorriso no rosto
mesmo sem agasalho.
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Sob o morro,
barulho do mar.
Vem o socorro
o negocio é amar.
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Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura.
vejo a lua escultural
nesta noite pura.
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O arco do coração
é o amor
é a flecha
beijos de paixão.
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Catar feijão,
prozac
no lixo.
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Uso,
as estações do nada,
eu sei assim ser
diferente...
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Se chegou, pra sempre
acaba ...
Nada vai
ficou
em alguém.
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Nem a face
da tarde está forte.
nas pedras
o vento.
Vai...
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A tarde fria,
Ventos das pedras.
dormi longe dela
tive pesadelos.
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Como o amante,
Vai ai
beijá-la agora?
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Seu riso lento sonha.
O sol é você
brisa da manhã.
Lua de glacê
Beijo de romã.
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É um monte.
A lua de luto dorme
em você.
Seus olhos e eu sonham.
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Sino da
meia-noite,
blem blem...
Mais um ano e
Nasce o menino,
o menino de Belém.
Sino da meia noite
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Soa o sino,
é tempo de amar.
Riso de menino,
Voar e voar.
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Ano que vem,
dia que vai.
Ano que fica,
Então vem natal.
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Cadeira...Escadeira,
mexendo,
assombração.
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Manhã de inverno,
cobertas encobertas de corpos.
De um gemido
se encolhe o frio.
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Verão em Xangai,
Xingai xingai.
despedem-se as palmas
murmura o mural.
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Primeira neve,
cidade...
vestes de noiva
que se despede.
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Janela para o inferno,
barcos que navegam.
Vidro lilás
entre cama e escamas do rio.
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Criança na primavera,
a primeira lua
vagalumes, vagaluas.
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Pracinha no inverno,
trinta meninos dançando.
um raio de sol.
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Visão de velhinho
vaga-lume que brilha
durante o dia.
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Viagem de ovelhas
bonés e bandeiras vermelhas,
pelos brancos.
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Novo passageiro
no metrô a quem chega
o bebê dá adeus
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Pescaria no inverno
uma rede de luzes
sobre o Rio das Pérolas.
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A asa do avião
corte do sol poente
vermelho sobre Nanquim.
Silencio,
Salem e
Cio.
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Sua rosa,
soa rosa.
Sutil rosa.
Pétalas vermelhas.
Pele vermelha
E um pulsar vermelho.
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Segue o rio,
pela manhã
o cego rio.
O rio signo.
bela tarde
rio servo.
Sinistro rio
Pela madrugada,
vesgo rio.
Pela tarde
Serio rio,
Sagro rio.
Pela noite.
Sempre rio
PÓ
Poesia,
Pó e
Maresia.
Poema,
Pó e
Maestria.
Tudo é argumento,
tudo é movimento,
tudo é momento,
tudo é tempo
preso dentro do cata vento.
O tempo é um mundo sem mãos.
O tempo em seu tempo
faz o vento.
O tempo faz você ser.
O tempo jaz cinco por cento.
As magoas se afogam
no rio ausente.
sem magoa da morte.
A filha do vento,,
tem medo de amar
os anônimos da alma.
Durante a noite,
NOS PASSOS DO VERÃO
É chegado o verão,
acompanhado do fogo
que arde dentro das mulheres
que veste-se com aqueles vestidos
longos e soltos, tão sensuais,
que vendem nas lojinhas
de promoção da cidade.
(acessível a todas as raças
de lindas mulheres).
Adoro vê-las no verão
com suas ancas soltas
dentro de seus longos,
fazendo das ruas
suas eternas passarelas,
e nos os jurados de plantão
sentados nas portas dos botecos,
com a cara eterna da fina madeira,
de óculos escuro e uma taça do bom chopp nos lábios
olhando o verão em forma de mulher, passar.
A JANELA
Abro a janela,
O que vejo?
Aço e concreto
E algumas pessoas
Revirando a lixeira.
Fecho a janela,
O que vejo?
Apenas mais um
Daqueles que reviravam
O lixo, mas o lixo
Humano.