Arte de maquiar

Vejo sangue em seu estandarte

Em busca da fé em um ideal corruptível

Sua guerra é em forma de arte

Manchas na terra de pintura imprevisível.

Mil soldados armados com pinceis

Aquarelando o desespero de convicções infiéis

Uma tela em tintura escarlate

De sonhos utópicos esperando por abate.

Caminhando pela úmida tintura

Enxergam-se os rastros da real postura

Homens que lutam por um homem só

Defendem verdades vindas do pó.

O óleo agora escorre pela tela manchada

Do tremor das mãos vem rabiscos insistentes

As grades da alma já foram trancadas

A imagem que forma tem várias vertentes.

A realidade do quadro se tornou surreal

A guerra que trajamos é individual

O ideal não é mais inspiração

Sem rumo, lutamos em vão.

Já se perderam as palavras de fervor

Já se foram as rimas pelo amor

Os traços que restam são cores de desilusão

Do que antes fora o despertar de uma nação.