Laço rasgado.

O medo nubla, esgarça, enferruja.

Faz o passo minguar, a voz coalhar,

cega os olhos da alma sem dó.

Medo soluça, emburra, entala,

deixa o sol rendido, o mar insosso,

a mão falida.

O medo é porão, laço rasgado,

desejo comido pelo tempo.

Suas ancas são puídas, seu dorso declama

votos de pesar.

Deixar o medo morrer nos faz mais lebres,

deixa a gente menos rente, amacia os olhos,

traz o gozo dos ventos à nossa fronte,

deixa o susto decantar,

deixa as amarras namorar,

deixa o gosto se esquecer e dormir.

Dormir como sempre mereceu.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 15/12/2014
Código do texto: T5069999
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