Laço rasgado.
O medo nubla, esgarça, enferruja.
Faz o passo minguar, a voz coalhar,
cega os olhos da alma sem dó.
Medo soluça, emburra, entala,
deixa o sol rendido, o mar insosso,
a mão falida.
O medo é porão, laço rasgado,
desejo comido pelo tempo.
Suas ancas são puídas, seu dorso declama
votos de pesar.
Deixar o medo morrer nos faz mais lebres,
deixa a gente menos rente, amacia os olhos,
traz o gozo dos ventos à nossa fronte,
deixa o susto decantar,
deixa as amarras namorar,
deixa o gosto se esquecer e dormir.
Dormir como sempre mereceu.
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