Farras infames.
Eta moça linda, dava gosto só de ver,
Cabelos endiabrados, requebros fora do eixo,
olhar de condenado esperando o carrasco chegar.
Nos conhecemos numa das quebradas do Beco Azul,
foi algo grego, diria até meio cangacento,
aconteceu sem a gente afrontar.
Seu nome, Maria Chagas, nome de rainha,
nome de rua, nome de tecido.
Nossos cheiros se acasalaram feito larica inflamada,
juntamos nossas trouxas num balaio só,
e deixamos a maré nos fecundar de uma vez.
Maria Chagas, nome feito de confetes,
gingava como se equilibrasse cada osso meu nas ancas perfumadas,
perfumadas como se a senzala não mais nos tivesse.
Esqueci meus quebrantos, minhas farras infames,
meus galopes ainda leves, nosso mato ainda em véspera.
Nesse vespeiro do Rei atraquei cada quinhão de foice que tinha,
mulher desgarrada, filha das brechas da paixão,
Maria Chagas era sua tina, réquiem de beberrão descalibrado,
desenlace que, por certo, faríamos sorrir.
Então, destampado e com alma manca e seca,
seguimos de fígados atracados e sangue misturado
até o nosso sempre se cansar da gente,
até a vida fazer sua mala e seguir de vez.
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