LOUCO POR UM GOLE DE QUEM FOR.
Meu tempo é a anágua dos sonhos.
Suas mãos enrugadas são vozes órfãs doidas por um gole de gim,
por um gole de mim.
Dele quero um teco de olhar mesmo que fugido, ou fingido.
Meu tempo não sacia, não se embala, nem se descama.
Cada lastro da sua pele tem silêncios que nem meu medo conhece.
Ouvi tantos tempos que já perdi o rumo da minha casca.
Seus forros não dão vazão à secura dos meus canastrões,
nem aos desmaios fugazes dessas lavadeiras sem trégua
que teimo em seduzir.
Meu tempo é cortês com seus galhos, sedutor com seus falsos mendigos.
Quem ousar distrair suas falanges, pombas-giras alucinadas,
se perderá nesse cio encantador.
Falo do meu tempo sugado, de gargalo franco, de trincheiras
roucas, quiçá ainda pouco amadas.
Esse meu tempo que quero saci, meio caolho nas saliências do perdão,
meio aflito nas diabruras desse meu coração sem coleira.
Meu tempo é ressacado, espizinhado, confuso nas suas fadas
e confins. Mas sempre será meu tempo e nada mais.
Esse tempo que mantenho calado, frio, amordaçado com meus desejos ainda
sem estopim.
São marionetes bêbados loucos por um gole do que for,
loucos por um gole de quem for,
Desse tempo pouco trago, pouco destranco, faço pouco caso, até.
Se você, que pouco retenho, que pouco apeteço,
talvez possa me fazer crer nas suas franjas ainda surradas do meu tempo.
ainda úmidas pelos choros esbeltos que virão, sei que virão.
Enquanto isso não acontece, vamos tentar fuçar nas valsas que iremos
juntos escrever, quem sabe até apartar das frieiras da dor.
Desse meu tempo que não vou mais cortejar, tampouco encurralar.
Quem souber algo que não seja sério, que se mambembe pras bandas
daqui.
A festa está só tentando afiar suas matizes.
O resto agora é só com a gente e nada mais.
O tempo que o diga, que o dome, ou dope, como melhor quiser.
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