Os filhos das frestas.

O poeta não sabe o que diz,

nem desconfia do que sabe.

Tem alma nômade, suor denso, sono endiabrado.

Poetas são criaturas híbridas, sem nação nem dono,

vão até onde bem quiserem e de lá só saem quando der na telha.

Todos eles são meios desvariados, meio temperos,

meio salva-vidas, meio voz de prisão.

Quando se percebem soltos, libertos dos medos e dos

poréns que tanto desmancham nossos gritos,

viram alvos para qualquer míope ver bem de longe.

Poetas são filhos das frestas, senhores do chão,

mentores dos boeiros e serestas.

Vale a pena pegar um deles e levar pra casa,

escondidos no fundo de um bolso qualquer.

Vale a pena amotiná-los no meio do nosso pó cotidiano

só pra senti-los nus e francamente felizes.

Dá vontade de enfiar sua sombra nas endiabradas folias

que foram só nossas só pra esquecer que um dia se

fizeram benditos.

Então, por certo, veremos que os poetas nada mais são

do que vértebras partidas de um amor que não sabe a que veio.

Mas que veio pra ficar.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/12/2014
Código do texto: T5066361
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