É B R I O

Roda como um pião

Rodopia em vertigem

Verte a vértebra. Dobra-se.

Oscila constante e cessante

Tonteia como bambolê.

Bambeia. Tropeça e cai ao chão.

Vive de um sonho oriundo

Ao desgosto da vida,

Ao abandono da sua alma gêmea

Desculpa-se por motivos fúteis

De um vicio doentio.

Perdeu o emprego

E agora o desespero se prende.

‘Branquinha’ lá vai pra se esquecer.

Água ardente que nem passarinho toma

Cachaça cheirosa

Álcool que pinga e lá vai a pinga

Uma pro santo e dois pra goela abaixo.

E assim vai levando a vida

Rodando como pião

Vai de bar em bar

Cambaleando e babando cai

Lambido pelos seus fieis amigos cães

No chão prostrasse como farrapo humano

Bêbado, inútil. Cirrose ambulante

Por ali mesmo fica

Um ébrio jogado às trastes...

(Poema resgatado de 2008)