UM DEUS FRÁGIL

Antonieta Lopes

Ele entra na cabina de comando,

Belo e viril a água ele pilota,

Sobre montes e mares vai voando,

Salta rios e lagos, uma ilhota.

Muito acima das nuvens, corre pando,

Puxa as rédeas do “baio”, quanto trota,

E o vento irascível arrostando

Domina, interceptando-lhe a rota,

Mas se o bicho malvado entra em pane,

Sua cabeça entra em parafuso

E o que fica lá em baixo que se dane.

Como um deus cai no âmbito confuso

E se perde no bojo escuro, inane,

Galgando, perto, o céu, galante intruso!...

Antonieta Lopes
Enviado por Antonieta Lopes em 10/12/2014
Código do texto: T5064780
Classificação de conteúdo: seguro