UM DEUS FRÁGIL
Antonieta Lopes
Ele entra na cabina de comando,
Belo e viril a água ele pilota,
Sobre montes e mares vai voando,
Salta rios e lagos, uma ilhota.
Muito acima das nuvens, corre pando,
Puxa as rédeas do “baio”, quanto trota,
E o vento irascível arrostando
Domina, interceptando-lhe a rota,
Mas se o bicho malvado entra em pane,
Sua cabeça entra em parafuso
E o que fica lá em baixo que se dane.
Como um deus cai no âmbito confuso
E se perde no bojo escuro, inane,
Galgando, perto, o céu, galante intruso!...