MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
Elos avulsos 
 
O velho hermita
Não tem o coração
Que toque as flautas doces
De quem só ouvia
Flores e cupidos
Adentro do vale
Os Terrenos
Perdidos na imensidão
São almas fugidas
Corpos desabrigados
Avante os olhos
Do coveiro
O nevoeiro denso
Manto no imenso
Que nada avista
As raptoras colhem as ervas
As troianas preparam
Toda caça
A noite vai ser longa
O triste pousa e faz ninho
O caminho de antes
Quer sempre voltar
O estar convoca
Implora pelos mesmos
Hinos
O Hermita desce
A montanha
No poente estrelado
Pelo dito fantástico
Da dama de toda Ordem
O aroma das virgens
E os purgados em vinho
Que se aquecem
Sentem o frio
Navegar por entre
As árvores
Aquilo que não deveria estar
Por estar ali perdido
Alicerces do vazio
Cria o inimigo
A primeira vista
O alado cavalo
De pelo branco
Anda  o trote brando
Sem cela nem amarras
Fuma o aroma
Das cinzas da brasa
Garras afiadas
Desenham insígnias
No tronco
A troiana-liberta
Lê o aviso
Há um perigo enviado
O lago ao lado
Do abrigo
É um caldeirão de veneno
Não mata
Mas alucina
Podem estar certos
De onde estão
Mas há um inferno
Que enfrentarão
A servidão do claustro
Fazia jus-cego
Aos mandamentos da Ordem
Colheitas de frutos
Nenhum fruto
Advinha a terra
Tragam todos ao encontro
Da colina
Sob minha morada
Lhes darei o sangue
Cristalino
O destino se lançará
Sobre minha espada
Uma das Únicas
Será por mim acolhida
A vida dela
Pelas idades nela
Contidas
As Raptoras do vale
Conhecem os passos
Do calmo sereno
De olhos escuros
A troiana-liberta
Imerge o olho da permitida
De toda obra
Desdobra ventos
De insetos sobre o velho
Desista do acaso
Que pedes ao contento
O que verte nas ninfas
Tem o mesmo gosto
Do alimento
Procuras o novo
Que o mantém vivo
A pedra polida
Saberá ser amante
Depois do acontecido
O velho Hermita
Não se permite desafiar
Tenham as tardes vazias
E as noites cheias
Sem olhar
Na nova lua que nasce
A penumbra me dará
Outra sina
A poeira cobre o lugar
Deixando sombras
A rosa-púrpura
É um segredo
Fechado na amargura
Estes dias vingados
Do Hermita
Não dizem nada
Ao cego que vigia o limbo
O que todos esperam
Tem um medo
Ainda maior
Que o medo de uma vida
O que o infinito preserva
No finito se encerra
Deixando caminho
Lilith é a Deusa maior
De toda agonia
Nela o permitido
Não cria o rancor
Dos inimigos
Dévora foi lançada
ao encontro
Seth sabe do monstro
Que irá nascer
Abrirá a rosa-púrpura
Do Aliém
Ou fechará o portal das eras
O saber é mágico
O trágico pede respostas
Vive no entre-mundos
A Ordem se tornou resposta
Seth povoou
A nova pergunta.