A MULHER DE ROXO

SÉRIE FIGURAS DA BAHIA

Uma dama esguia desfilava diariamente pela Rua Chile, principal artéria de Salvador, ponto de encontro e comércio de classe média, classe média alta da Bahia. Seu traje principal era roxo-violeta, era conhecida, na década de 1960 como a Mulher de Roxo. Sem nome, só o apelido era capaz de identificar aquela figura maquiada, vestido arrastando aos pés, sempre com um turbante sobre os cabelos, véus, xales e muito cetim. Era exótica, sóbria, mesmo estando perto jamais dialogava com alguém... Sempre misteriosa, apesar de evitar abordagens. Dizia-se que ela pertencera a família abastada e que internara-se no Convento do Desterro por inconformismo com a decisão dos pais, contrários ao seu casamento. Segundo estas fontes, ali no Desterro era a sua morada.

Anos e anos se passaram até que um dia ela desapareceu...

A MULHER DE ROXO

Passava todos os dias...

Vestido longo, maquiada,

Com seu lilás-alegria

Mulher altiva, calada...

Aquela mulher esguia

Passou a ser atração

E a rua Chile fervia

Da cidade o coração...

Mulher de Roxo, quem era,

Quem sabe sua identidade?

De verão à primavera

Cartão Postal da cidade...

Sempre limpa, bem vestida

Exótica, fronte erguida

Frente a vitrines parava...

Viveu assim, tantos anos

Será que fazia planos?

O que da vida esperava?

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 15/09/2005
Reeditado em 18/09/2005
Código do texto: T50644
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