A MULHER DE ROXO
SÉRIE FIGURAS DA BAHIA
Uma dama esguia desfilava diariamente pela Rua Chile, principal artéria de Salvador, ponto de encontro e comércio de classe média, classe média alta da Bahia. Seu traje principal era roxo-violeta, era conhecida, na década de 1960 como a Mulher de Roxo. Sem nome, só o apelido era capaz de identificar aquela figura maquiada, vestido arrastando aos pés, sempre com um turbante sobre os cabelos, véus, xales e muito cetim. Era exótica, sóbria, mesmo estando perto jamais dialogava com alguém... Sempre misteriosa, apesar de evitar abordagens. Dizia-se que ela pertencera a família abastada e que internara-se no Convento do Desterro por inconformismo com a decisão dos pais, contrários ao seu casamento. Segundo estas fontes, ali no Desterro era a sua morada.
Anos e anos se passaram até que um dia ela desapareceu...
A MULHER DE ROXO
Passava todos os dias...
Vestido longo, maquiada,
Com seu lilás-alegria
Mulher altiva, calada...
Aquela mulher esguia
Passou a ser atração
E a rua Chile fervia
Da cidade o coração...
Mulher de Roxo, quem era,
Quem sabe sua identidade?
De verão à primavera
Cartão Postal da cidade...
Sempre limpa, bem vestida
Exótica, fronte erguida
Frente a vitrines parava...
Viveu assim, tantos anos
Será que fazia planos?
O que da vida esperava?