Fungando rapé.

O que é que me fermenta, me cimenta, me revira,

faz a câimbra debandar, o céu tilintar,

meu peito fugir.

O que é que me descabela, me coalha,me enfurna,

desfolha.

O que é que não me cessa, nem me desculpa,

assume.

O que é que não me dorme, meu pouso de longe, minha voz de freira,

abrigo.

O que é que não me resvala, nem faz meu tempo ronronar,

deixa minha alma mais vagabunda.

O que é que não me escorre pelos olhos, não pede vagareza,

nem me faz trair meus pés.

O que é que não me desacata, para meu sonho no meio,

me volta cabisbaixo, surrupia o cantarolar fungando rapé.

O que é que não me diz, desculpa meu soco, filia minha dor,

afia as unhas de Deus.

O que é que me ferroa, espreita meu suor, espreme a última lágrima,

faz o apache manso, faz o fedor surtar, faz a latrina castelo da Rainha.

O que é que ninguém me afronha, ninguém me pragueja,

ninguém debanda, ninguém nada mais.

O que é que sinto nessas horas calafrias, nesses ventos

intrusos, nessas noites sem banhas saindo pelo vão dos meus ossos quebradiços.

que agora nada mais são, nada mais são.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 09/12/2014
Reeditado em 09/12/2014
Código do texto: T5064259
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