Não é que seja tolo

Não são todos que pensam como todos,

pois sabem que são tolos os que acham

que todos nasceram para serem normais.

Este mundo tolera só uma pequena variedade de gente

que diga-se ser descente, enquanto contribui para o grande mal.

Talvez foi um mal escrever este poema,

nem pensei o que valia a pena, ao invés

estou nesta escrivaninha rimando em vão.

Pois sei que nenhum poeta muda o mundo,

e que tudo que é agressivo torna-se mudo,

e este sistema que embota todo o mundo,

abaixa a minha bola e me obriga a pensar

duzentas vezes antes de falar.

Deixe os males está, afinal a grande filosofia da vida

não é sofrer e resistir todo o mal?

E além disso me resta a autoestima,

de um jovem de classe média que sonha em ser burguês,

meu nome pode não significar nada a ninguém,

mas em mim é tudo que significa.

Então nesta agonia, tive que dissimular virtudes

para estar nessa suntuosa burguesia, e agora

o que faço desta alma vazia!?

Talvez eu possa ter errado no primeiro verso,

ninguém é tolo, só encontrou uma maneira esquisita

de canalizar a dor, é que todos sabem do mal,

só se iludem tão convictamente,

pois a semelhança de um miserável com um teórico

é que os dois sabem que o mundo é cruel, e veem como

esta ópera magnífica ressoa o nefando cântico.

Wédylon Rabelo
Enviado por Wédylon Rabelo em 08/12/2014
Reeditado em 23/08/2015
Código do texto: T5063031
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