O QUE TENHO!
Tenho os meus pés gelados
Deste frio de rachar
E ando a cair aos bocados
Como reis já destronados
Sem reinos onde imperar!
Tenho as mãos adormecidas
Deste gelo lá de fora
São como folhas caídas
Que das árvores desprendidas
Esperam o Verão sem demora!
Tenho os dedos ressequidos
De tanta frieira aberta
E trago os sonhos esquecidos
D`outros tempos prometidos
Pela saudade…que aperta!
Tenho a alma congelada
Dormente e quiçá sem sono
E às vezes nem tenho nada
A não ser a face molhada
Por uma gota…de Outono!
Só tenho algo no interior
Deste modesto coração
Que é do Alentejo, o esplendor
E das suas gentes, o amor
Pra levar…no meu caixão!