A VOZ DO OUTRO
Com uma colher de prata, cavo
a parede da prisão: preciso
ouvir a voz do outro,
o outro igual a mim,
o outro diferente.
Com os dedos, escrevo
linhas na perene parede
e parece que já escuto
a voz do outro.
Em silêncio, cavo uma cova
na parede.
Ensimesmado, preso a
conceitos pré-estabelecidos e crenças,
criei a minha própria prisão,
mas me invadiu a solidão
e agora preciso
ouvir a voz do outro.
Antes que o outro morra
com a minha mesma solidão.