A VOZ DO OUTRO

Com uma colher de prata, cavo

a parede da prisão: preciso

ouvir a voz do outro,

o outro igual a mim,

o outro diferente.

Com os dedos, escrevo

linhas na perene parede

e parece que já escuto

a voz do outro.

Em silêncio, cavo uma cova

na parede.

Ensimesmado, preso a

conceitos pré-estabelecidos e crenças,

criei a minha própria prisão,

mas me invadiu a solidão

e agora preciso

ouvir a voz do outro.

Antes que o outro morra

com a minha mesma solidão.

Deodato
Enviado por Deodato em 29/05/2007
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