Dentro do veneno com que carregas as palavras
Dentro do veneno com que carregas as palavras
Existem estilhaços de esperanças mortas,
De ilusões já sem brilho e de sonhos fora de prazo
Dentro de ti a vontade solene e forte de dizer o inevitável
De dizer “nunca mais”
Nos teus olhos um pronuncio leve da saudade que vais ter.
No desespero das minhas palavras ritos galados em silêncios de chumbo.
E em hesitações reticentes… medo.
Dentro de mim o caos incopreencivel de saber
Que todas as virgulas em que respiras
Todas as pausas em que deixas de ser cruel e voltas a ser só tu…
Nunca mais, nunca mais as verei
O caos de saber que a memoria do que dizes será como um punhal
Na minha almofada .
Vais falando vagamente triste e destruindo-me o universo,
Queimando a luz á tua volta
Evitando-me o toque talvez á procura de respostas que não te sei dar…
Não as tenho…
Tudo o que te posso dizer, são coisas que não podem ser ditas…
Pudesse eu dizer o que precisas de ouvir
Pudesse eu ser o que tu queres ver, sentir
Mas estou preso a mim e não sei andar sobre os vidros que largas no chão
A boca sabe-me a um sangue novo mais escuro talvez..
E tu vais partindo e deixando a tua falta agarrada á sola da minha vida
A tua falta a encher a cidade a ser todas as sombras, a ser todas as caras…
A ser todo o vazio que há nas coisas…